terça-feira, 29 de maio de 2012

Texto para reflexão e discussão

Ola leitores e leitoras do blog, tudo bem?
Eu espero que sim.
Segue abaixo, um texto bem interessante para reflexão e discussão.
Espero que gostem e opinem a respeito do mesmo.
E mais, o texto abaixo foi tirado do site www.lopesdesa.com.br
É um site de um gênio e tem muitos artigos bons, eu recomendo


A contabilidade com ciência 
Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá
As razões que fundamentam os conhecimentos contábeis como matérias científicas são apoiadas nas convenções da “Lógica da Ciência”. Este trabalho visa a apresentar os argumentos fundamentais, tal como se acha exposto em minha obra “Fundamentos da Contabilidade Geral” edição JURUÁ.
 O aparecimento da ciência contábil
Todos os ramos do saber humano iniciaram-se em bases empíricas, de simples observações e suposições sobre realidades, até que pudessem pela maturidade dos raciocínios alcançarem o nível superior em que se encontram.
A Contabilidade não fugiu a essa norma e iniciou-se dá muitos milênios partindo do simples registro de fatos, com o objetivo de guardar memória sobre o acontecido com as utilidades.

Somente alcanço o estágio científico científica quando também a maioria das disciplinas fez a sua passagem de uma milenar história empírica, para uma fase racional superior, ou seja, a partir do século XVIII.

O amadurecimento intelectual do conhecimento contábil levou-o a uma consideração mais profunda, essencial, racional, e, então, surgiu a «ciência da Contabilidade», amadurecida na obra de J.P. Coffy, em 1836 , muito valorizada, a seguir, pela de Francesco Villa, em 1840.

Entendeu-se que o registro contábil era apenas a expressão da observação de fatos da riqueza, mas, não o próprio fato.

Conscientizou-se de que não basta escriturar, mas, é preciso saber o que fazer com as informações obtidas, ou seja, necessário é entender o que significa o que aconteceu com a riqueza patrimonial e que se evidencia nas demonstrações.

De relativa utilidade, é qualquer registro e a demonstração do mesmo, como informação, se não se compreende o que significa e nem se poder tirar conclusões sobre o comportamento do fenômeno registrado.

O que significa, como comportamento da riqueza aziendal, o que pode representar, o evidenciado pelo informe da escrita contábil, esse, sim, é o objetivo científico da Contabilidade.

A partir da primeira metade do século XIX, portanto, estruturou-se uma vigorosa doutrina que tinha por objetivo conhecer as relações que existem entre os acontecimentos da riqueza patrimonial e como explicar o que acontece com esta, a partir das referidas relações.

A Contabilidade começou a distinguir-se da escrituração contábil e a ser poderoso instrumento de entendimento para o governo das riquezas, assim como para a participação que esta pode ter nos ambientes em que se insere.

O escriturar, contabilmente, passou a ser o que em realidade sempre foi, ou seja, um recurso especial e disciplinado para guardar memória de fatos patrimoniais e de evidenciar tais memórias.

O estudo cientifico, todavia, dedicou-se e cada vez mais se dedica, à explicação do que ocorre com a riqueza patrimonial em suas muitas transformações, reunindo teorias que se derivaram de teoremas e de um racional conjunto de conceitos.

Assim, por exemplo, a escrituração, limita-se a informar que se gastou $1.000 em despesas financeiras, mas, só a ciência tem condições de determinar se tal gasto foi ou não eficaz e ainda até que limite pode ser feito, sem o prejuízo da vitalidade da empresa.

Somente os recursos superiores do raciocínio contábil, podem, de fato, oferecer meios para que se produzam modelos de comportamentos da riqueza.

O contador, portanto, deixou de ser apenas um «informante» para transformar-se em um «orientador», um autentico médico da empresa e das instituições, orientando e opinando sobre os destinos dos empreendimentos.

Hoje, este é o papel que em todo o mundo compete àquele que pratica o conhecimento da Contabilidade.
 Razões científicas da contabilidade
Afirmou, Poincaré, que a ciência atende a convenções e que logicamente é preciso ter requisitos para que um conhecimento seja qualificado como científico.
O enquadramento da Contabilidade, como ciência, deveu-se ao fato da mesma atender a todos os requisitos necessários para tal qualificação, ou seja, ter objeto próprio, método específico, finalidade determinada, teoremas, teorias, hipóteses, tradição etc.

Atribui-se a Contabilidade a dignidade científica, portanto, porque possui:
1. um objeto próprio e que é o patrimônio aziendal;
2. finalidade própria e que é o aspecto de observação específico, ou seja, o da eficácia como satisfação da necessidade aziendal;

3. método próprio de observação e condução do raciocínio para o desenvolvimento e pesquisa e que se estriba no indutivo axiomático e no fenomenológico;

4. tradição como conhecimento, milenar;

5. utilidade, como fonte de conhecimento do comportamento da riqueza aziendal, aplicável a um sem número de utilidades (crédito, investimentos, controle etc.);

6. teorias próprias como a das aziendas, do rédito, do valor, das funções sistemáticas do patrimônio aziendal etc. e também uma Teoria Geral do Conhecimento;

7. doutrinas cientificas próprias e que estabelecem correntes de pensamentos como o patrimonialismo, neopatrimonialismo, aziendalismo, personalismo etc.

8. correlação com outras ciências como a do Direito, Administração, Economia, Matemáticas, Sociologia etc.

9. enuncia verdades universais e perenes sobre os fenômenos de que trata seu objeto;

10. permite previsões, através dos modelos que permitem os orçamentos;

11. permite levantamento de hipóteses, como as derivadas das doutrinas das contingências;

12. tem caráter analítico e enseja estudos de natureza nuclear funcional da riqueza aziendal etc.
Dentro das convenções da Epistemologia, a Contabilidade preenche, pois, todos os requisitos, como conhecimento científico.
 Doutrinas científicas da contabilidade
Determinar o verdadeiro objeto de estudos da Contabilidade, no campo da ciência, para estruturar doutrinas, de acordo com metodologia específica, foi a preocupação de diversos estudiosos e tal posição intelectual, também determinou a fixação das diversas correntes de pensamentos.
Igualmente, a fim de sustentar o progresso do conhecimento, diversos estudiosos empreenderam pesquisas, criaram escolas e produziram obras de raro valor.

A disciplina contábil sempre foi favorecida por uma rica fonte de informações registradas, derivadas de observações sobre os fenômenos  que tradicionalmente eram preocupação constante de registros , facilitando, desta forma, a tarefa científica.

Em verdade, sabemos que todos os ramos do conhecimento humano se valem de registros e de manipulação deles, mas, a Contabilidade sempre contou com uma expressiva quantidade deles, a ponto até de ser confundida, pelo leigo, como apenas uma “capacidade de escriturar”.

Para fixar a metodologia de indagação sobre os fenômenos escriturados, os lideres dessas facções intelectuais, preocuparam-se, inicialmente, em determinar qual o verdadeiro objeto de uma ciência que se derivasse do estudo dos registros contábeis.

A primeira delas foi a que atribuía como objeto científico a «conta»; tal forma de pensar criou o Contismo, desenvolvido com vigor na França, principalmente.

Criaram-se teorias das contas e muito se pendeu para demonstrações de natureza matemática.

O expressivo uso de mensurações dos fatos (valores) sempre ao leigo fez parecer que a Contabilidade fosse uma «ciência de números».

Na realidade, entretanto, os valores numéricos são apenas instrumentos que se utilizam para mensurar fatos, como também ocorre, por exemplo, com a Física.

O fato, por exemplo, de se medir em quilos uma força não significa que a Física seja uma ciência matemática, assim como não o é a Contabilidade porque mensura em número a construção de um edifício para uma fábrica.

A conta, os números, são formas de revelar acontecimentos e não eles mesmos em si e isto foi o que levou muitos estudiosos a contestarem as doutrinas contábeis matemáticas e aquelas contistas.

Outra corrente de pensamentos pendeu para as relações que a empresa estabelece com as pessoas e denominou-se de Personalismo.

Nesse período definia-se o patrimônio como conjunto de direitos e obrigações e o sabor era o do Direito (quanto a forma apenas).

Tal corrente foi contestada com argumentos de que não bastava possuir direito, sendo necessário utilizar para satisfazer a necessidade; assim, sobre uma mercadoria roubada se conserva o direito, mas, não se consegue com a mesma obter lucros e nem convertê-la em dinheiro; igualmente não adianta ter direito sobre uma duplicata que se recebe, sob o ponto de vista da Contabilidade.

Tais contestações foram realizadas desde os fins do século XIX para provarem uma vocação e que era a materialista.

Outra corrente, ainda, entendia que os estudos dedicavam-se basicamente ao controle da riqueza, formando a corrente de pensamentos do Controlismo.

Tal forma de pensar vinculou fortemente os estudos contábeis à Administração.

Contestações a tal escola afirmavam que não é a Contabilidade que serve ao controle, mas, sim, o controle é que serve à Contabilidade.

A busca de um objeto seguro de estudos, para servir de base a um método de indagação também seguro, foi a base da multiplicação das diversas escolas e correntes cientificas.

Foram multiplicando-se as tendências novas e assim surgiu ainda a que entendia que a Contabilidade dedicava-se ao estudo do Lucro (Reditualismo), outra que o objeto era a empresa e a instituição (Aziendalismo) etc.

Tais correntes ligaram fortemente os estudos da Contabilidade àqueles da Economia.

Muito cedo se comprovou que o lucro é apenas um dos objetivos no estudo contábil e que não é possível sustentar, também, uma doutrina da célula social como um todo, sendo necessário dividir o que esta tem de pessoal e o que tem de material, pois, a metodologia, no tratamento desses fatores, precisa ser diferente.

Em cada época, em cada escola, a Contabilidade foi, todavia, envolvida por metodologias de outras disciplinas (Matemáticas, Direito, Administração e Economia, principalmente), até que conseguisse através do patrimonialismo tornar-se completamente autônoma.

De todas, entretanto, a que seria deveras a predominante, foi a que atribuiu como objeto da Contabilidade o patrimônio dos empreendimentos, criando a mais poderosa corrente de pensamento doutrinário e que é a do Patrimonialismo.

Tal corrente doutrinária proclamou a autonomia cientifica da Contabilidade, comprovando que ela se ligava a muitas ciências (como em verdade é comum a todos os demais ramos do conhecimento), mas, que possuía objeto, finalidade e método próprios.

Nos séculos XIX e XX a Contabilidade enriqueceu-se com muitos axiomas, teoremas e teorias, assim como com um expressivo desenvolvimento (a partir da década de 60 do século XX) das normas de registros e demonstrações, possuindo na atualidade, inclusive, tendências científicas neopatrimonialistas, ou seja, de um aperfeiçoamento para uma visão holística do fenômeno patrimonial.
 Bibliografia
FERRARI, Alfonso Trujillo, Metodologia da Pesquisa Científica, edição McGraw Hill, São Paulo, 1982
SÁ, Antônio Lopes de – Fundamentos da Contabilidade Geral, edição Juruá, Curitiba, 2005
SÁ, Antônio Lopes de - História Geral e das Doutrinas da Contabilidade, Editora Atlas, São Paulo, 2002 e Editora Vislis, Lisboa, 2003.
SÁ, Antônio Lopes de – A Evolução da Contabilidade, Editora Thomson-Iob, São Paulo, 2006
SÁ, Antônio Lopes de – Teoria da Contabilidade, editora Atlas, São Paulo 2006
SÁ, Antônio Lopes de – Teoria geral do Conhecimento Contábil, edição IPAT, 1992

Fonte: www.lopesdesa.com.br (Mega Recomendado).
Bom pessoal, espero que tenham gostado do texto.
Fiquem a vontade para comentar sobre o mesmo no espaço para comentários.
Amanhã teremos novos exercícios no blog referentes à semana corrente de aula.
Uma boa tarde para todos.
Bons Estudos.

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